A hanseníase é causada por uma bactéria que age nos nervos (principalmente das mãos e dos pés) provocando lesões na pele e também a perda de sensibilidade, como se o local estivesse anestesiado. Com o passar dos anos, os nervos sofrem danos mais graves, surgem deformidades e incapacidade física.
Conhecida antigamente como lepra, a hanseníase é uma doença negligenciada, cercada de preconceitos — e atinge principalmente os mais pobres. Atualmente, o Brasil é o segundo país com mais casos da doença, atrás somente da Índia. Por ano, são registrados cerca de 30 mil casos nos vários estados brasileiros, incluindo adultos e crianças. O Brasil viu uma redução no número de casos desde 2003. Contudo, nos últimos dois anos houve aumento (sendo o Mato Grosso, o estado com o maior número de casos da doença). Embora tenha cura, se o diagnóstico for tardio ou se o tratamento for inadequado, a doença pode causar incapacidades físicas . Em princípio, pode parecer notícia ruim, mas na verdade os casos estão aumentando em diversas partes do país, porque há mais pessoas com a doença que agora recebem o diagnóstico.
Sobre o sistema de saúde e o diagnóstico
O SUS tem procurado capacitar médicos e outros profissionais das unidades básicas de saúde, para reconhecer e diagnosticar a hanseníase. Acredita-se que tal tema acabou sendo esquecido até mesmo pelas faculdades de medicina, que pararam de ensinar os alunos sobre esta doença. Alguns dermatologistas e outros especialistas costumam defender que os sintomas da hanseníase se assemelham a outros fatores, por isso a classe médica precisa lembrar que ela existe, antes de pensar nos sinais da mesma.
O exame pode ser resumido em três testes mais comuns para examinar a sensibilidade (ao toque, a temperatura e a dor). Durante a consulta, as reclamações em geral são: dores pelo corpo, perda de força nos pés, nas mãos e manchas na pele.
Transmissão: de onde vem a doença?
A hanseníase não é hereditária e não está na pele. Ela é causada pelo bacilo Mycobacterium leprae e sua transmissão acontece de pessoas doentes sem tratamento para pessoas saudáveis, pelas vias aéreas superiores (tosse, espirro, fala). Ou seja, ocorre basicamente pelo ar. Contudo, não é rapidamente contagiosa, visto que, quando você entra em contato com a bactéria, as defesas do organismo dão conta de eliminá-la. Os riscos aumentam na medida em que tal contato se repete por muitos meses ou até mesmo anos, para que ela consiga se instalar pelo corpo. Ao penetrar no organismo, a bactéria inicia uma luta com o sistema imunológico do paciente. O período em que a bactéria fica latente ou adormecida no organismo é prolongado, e pode variar de dois a sete anos.
Tratamento: hanseníase tem cura?
Sim, a hanseníase tem cura. Quanto mais cedo o tratamento, menores são as agressões aos nervos e é possível evitar complicações maiores. O paciente que inicia o tratamento, não transmite a doença a familiares, amigos, colegas de trabalho ou escola.
O atendimento da hanseníase contempla uma equipe multiprofissional, porém, tudo se dá a partir do trabalho de um médico dermatologista. É este especialista que possui o importante papel na identificação da doença, ao envolver o exame clínico do paciente, com aplicação de testes de sensibilidade, palpação de nervos e avaliação da força motora. Se o dermatologista desconfiar de alguma mancha ou caroço no corpo do paciente, poderá fazer uma biópsia da área ou pedir um exame laboratorial para medir a quantidade de bacilos.
A orientação da Sociedade Brasileira de Dermatologia, é que as pessoas procurem uma Unidade Básica de Saúde assim que perceberem o aparecimento de manchas, de qualquer cor e em qualquer parte do corpo. Principalmente se a área apresentar diminuição de sensibilidade ao calor e ao toque, e também quando for diagnosticado um caso de hanseníase na família. Após iniciado o tratamento, o paciente para de transmitir a doença imediatamente.
No último domingo do mês de janeiro é comemorado o Dia Mundial contra a Hanseníase e no dia 31 de janeiro é o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase, onde campanhas e materiais informativos são trabalhados de várias formas nas mais diversas instituições de saúde, reforçando sobre a importância de tratarmos esta doença que durante um bom tempo foi esquecida.
Fonte: Sociedade Brasileira de Hansenologia